O Banquete (meu, não o de Platão)

Eliana Yunes


        Os ensaios que aqui estão reunidos precisam mesmo de uma edição digital que alargue a recepção, para testemunhar o trabalho intelectual sério que os alunos da pós-graduação em Letras da PUC-Rio vêm desenvolvendo: 13 ensaios que passeiam em sua diversidade pelos caminhos plurais da cultura brasileira, desde o portal dos estudos literários; 13 promissores nomes, como atestam suas bem esqcritadas linhas.
        O interesse maior desta reunião está justamente na pluralidade das abordagens, na diversidade dos enfoques e no sagazengendramento de suas múltiplas leituras. Como resultado, quadros novos da cultura tomam nome e corpo a partir de estudos como estes econtribuem para um melhor discernimento das imagens que sob a forma de peças de um quebra-cabeças re/tratam a vida na sociedade pós-moderna.
        A revista, neste número, é um painel em mosaicos do curso, dos estudos literários e da vida contemporânea, intelectual, urbana, cultural, neste país, em composições que encenam novas leituras de Machado, João do Rio e Bilac, Kafka e Eliot, Ana Cristina César e Corpo Santo, Borges, Édipo e Pasolini, entre liberalizações e censuras, ditaduras e afeições.
        O que se destaca neste tecido é a sua trama: a palavra de ordem (que não aparece no bem-humorado e sarcástico “Vade-mécumdo texto acadêmico”) é a intertextualidade. Nela, encontro o que mais prezo no exercício acadêmico de pensar, a liberdade do leitor tecendo o fio de suas leituras, como o galo tecia a manhã em luz, em João Cabral de Melo Neto. Na prática, o olhar bakhtinianofundante do polifônico – diálogo. Eis os leitores que ajudamos formar. Assinaram suas leituras. Escritores. Escrituras. Nelas, a estética e a ética que perseguem pela Palavra, indubitável manifestação do que nos faz o que somos.
        No intermezzo, revelam ainda o diálogo com suas influências (no duplo sentido, mas principalmente o borgiano) e escolhem seus interlocutores. Depois, soltam a letra e a voz na prosa, na poesia e mostram seus talentos: receberam dez e retornaram cem por um.
        Alegro-me de estar convidada a este banquete e não posso me queixar: recebi o ósculo e deram-me água para lavar os pés à entrada. Não é preciso um lugar eminente, à mesa.
        Abro portas e sirvo o vinho. Bebam, à vontade.